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domingo, 26 de dezembro de 2010

Tuberculose causa quase 5 mil mortes ao ano no pais e é desconhecida pela população

Estudo encomendado pela SBPT revela alto índice de desinformação no país, atrasando diagnósticos e facilitando a contaminação

O Brasil está hoje entre os 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo.. Temos hoje no Brasil, anualmente, cerca de 80 mil novas infecções notificadas e 4,7 mil mortes em decorrência da doença. Ainda assim, pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) ao Instituto Datafolha revela grande desinformação nos quatro cantos do país.
Denominado Saúde Respiratória e do Pulmão, o estudo revela, por exemplo, que dos 94% dos entrevistados que afirmaram conhecer a tuberculose após receber uma ficha contendo diversas doenças respiratórias, somente 1% citou corretamente, em resposta espontânea, que o contágio se dá por meio do contato com outra pessoa contaminada.
“A tuberculose é transmitida pelo ar, por meio de tosse, espirro ou mesmo pela fala de alguém doente. Os bacilos causadores, expelidos no ar, são então inalados por uma pessoa saudável. Normalmente, a doença atinge os pulmões (90% dos casos), mas também pode acometer outros órgãos. Os sintomas mais frequentes são tosse, cansaço excessivo, febre, sudorese, falta de apetite e emagrecimento”, explica a dr. Roberto Stirbulov, presidente da SBPT.
Ao invés disso, 58% dos pesquisados acreditam que a doença possa ser transmitida ou agravada pelo fumo, 39% por clima frio ou úmido, 33% por poluição, 30% por pó ou poeira, 19% por ar-condicionado ou ventilador. Há ainda quem sugira, equivocadamente, ser a tuberculose uma doença hereditária (18%), ou relacionada ao sedentarismo (8%). Também foram citadas como causadoras do mal a má alimentação (1%), gripe mal curada (1%) ou a ingestão de bebidas alcoólicas (1%). Não souberam citar uma única forma de transmissão 16% dos entrevistados.

Com relação aos sintomas, novo alerta. Foram 55% citações de tosse, que é realmente a principal manifestação da doença. Isso significa que as principais campanhas que alertam para o perigo de ter tosse por duas semanas ou mais não estão atingindo as pessoas como deveriam, já que 45% não têm conhecimento.


INFECÇÃO E TRATAMENTO

O grande desconhecimento deixou em estado de alerta os médicos pneumologistas, que destacam os riscos aumentados de transmissão, pois pessoas desinformadas ficam mais suscetíveis, não percebendo o risco do convívio com doentes ou demorando para procurar ajuda médica em caso de suspeita.
Estima-se que uma pessoa contaminada possa transmitir a doença para dezenas de pessoas, se não iniciar o tratamento precocemente. O mesmo pode acontecer caso não siga corretamente as instruções médicas, realizando o tratamento completo.

Recentemente, o tratamento da tuberculose oferecido pela rede pública foi atualizado no país. Padronizado, tem duração de seis meses e é composto por quatro medicamentos distribuídos gratuitamente. Há também equipes de busca ativa por pacientes nas regiões com maior incidência e tratamento supervisionado, que inclui benefícios como cesta básica e vale-transporte em troca de idas regulares do paciente às unidades de saúde para recebimento das doses de medicamento.

Quem é o pneumologista?

Um dado que assustou os médicos pneumologistas foi que 48% não sabem a que especialista recorrer em caso de tuberculose. O clínico geral foi o mais citado, com 29% das respostas. Enquanto que o pneumologista, especialista em doenças do sistema respiratório, como a tuberculose, recebeu somente 19% das citações. Outras citações, em menor quantidade, foram infectologista (3%), otorrinolaringologista (1%) e especialista, médico de pulmão (1%).
O pneumologista é médico especialista na saúde respiratória. Doenças que afetam todo o sistema respiratório, que vai do nariz aos pulmões, são de sua alçada e devem ser encaminhados para sua avaliação

“Uma confusão muito grande é associar o pneumologista somente às doenças do pulmão. Mas o médico pneumologista trata de todo o trajeto que o ar percorre na respiração, e que pode ser prejudicado por doenças como asma, rinite, tuberculose, gripe, resfriado, câncer de pulmão, pneumonia, além de outras menos conhecidas, como a fibrose cística, DPOC ou hipertensão pulmonar”, explica o presidente da SBPT.

A pesquisa

Com o objetivo de levantar junto à população brasileira mais informações sobre o seu conhecimento acerca da saúde respiratória e dos males que a atingem, foram entrevistados 2.242 brasileiros com 16 anos ou mais, pertencentes a todas as classes econômicas, em uma pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal, em pontos de fluxo populacional.
As entrevistas foram realizadas mediante aplicação de questionário estruturado, com cerca de 20 minutos de duração, distribuídas em 143 municípios, com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
O desenho amostral foi elaborado com base em informações do Censo 2000/ estimativa 2009 (Fonte: IBGE), com a estratificação por Unidade Federativa e porte dos municípios, de acordo com os pesos das regiões brasileiras, de forma a representar o universo estudado.

Desta forma, 39% dos entrevistados residem na região Metropolitana e 61% no interior.. A maioria deles possuía entre 16 e 44 anos (67%), tem filhos (62%), possui escolaridade fundamental (47%), pertence à classe C (48%), faz parte da população economicamente ativa (68%), possui renda familiar até R$ 1.020,00 (até 2 salários mínimos, 51%), reside na região Sudeste (43%).
Um dado preocupante foi que 15% não souberam citar uma única doença pulmonar e, ainda, a média entre os entrevistados foi de 2,1 doenças conhecidas.
Depois de estimulados, com uma lista de doenças, que incluía não apenas a gripe e o resfriado, mas também a asma, pneumonia, tuberculose, embolia pulmonar, câncer de pulmão, enfisema, bronquite, rinite, hipertensão pulmonar, distúrbios do sono, DPOC e fibrose cística, a gripe e o resfriado foram apontadas por 99% das pessoas como sendo doenças de seu conhecimento.
Com relação às outras doenças, após conferir a lista, foram apontadas como doenças conhecidas: asma (96%), pneumonia (96%), bronquite (95%)
tuberculose (94%), câncer de pulmão (90%), rinite alérgica (72%), enfisema pulmonar (58%) e distúrbios do sono (53%).
Tanto o conhecimento espontâneo quanto o estimulado de doenças respiratórias foi mais expressivo nas classes A/B e aumenta à medida que cresce a escolaridade.
PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA - TUBERCULOSE
(Não estão necessariamente corretos. Apenas refletem a opinião dos entrevistados)


• O que causa ou agrava a tuberculose?
58% cigarro
39% clima frio ou úmido
33% poluição
30% pó ou poeira
19% ar-condicionado
18% hereditariedade

8% sedentarismo

16% não sabe



• Principais sintomas da tuberculose: 25% não souberam especificar um único sintoma
55% tosse, tosse seca, tosse contínua
25% catarro

23% febre/calafrio
20% dor no peito, dor torácica, pulmonar, dores nas costas

14% falta de ar, dificuldade para respirar



• Como é feito o diagnóstico das doenças?
Somente 38% acertaram ser por meio de baciloscopia, também chamado de teste do escarro.

42% raio-x

27% tomografia

19% escuta do pulmão

23% não souberam responder


• Pneumologista e outros especialistas: 48% não sabem a qual médico recorrer no caso de tuberculose
29% iriam a um clínico geral
19% pneumologista
3% infectologista

1% otorrinolaringologista
1% especialista, médico do pulmão

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